segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aos mestres com carinho

Minha emoção foi muito tocada durante esta semana. Tivemos duas apresentações na Escola Paulista (a resenha das peças vem nas próximas postagens).
Eu vi a superação no palco. Vi crianças e adolescentes se espelharem em mim e senti uma responsabilidade que, ao mesmo tempo, dá medo e dá coragem. Coragem de seguir em frente. Coragem pra saber que o meu sonho romântico de fazer a vida deles um pouquinho melhor, no final só faz a minha vida muito melhor. Aprendo sempre que não há limites para quem sonha. Aprendo a ouvir. Aprendo a superar os meus limites, mas também aprendo a respeitá-los. Aprendo que só termina com o aplauso do público e aí começa tudo novamente.

Também tive emoções fortes com as turmas do ICC, onde começo um novo projeto de aprendizado. Diferente de tudo que já fiz, mas tão igual. Jovens são jovens em qualquer lugar do mundo, tem os mesmo anseios e as mesmas dúvidas. Independentemente das particularidades, TODOS necessitam de orientação, de ombro amigo, de respeito, de disciplina.

Refletindo percebo que, em mim, lecionar é um sacerdócio. Vem de dentro. Vem do amor e da esperança. Vem da arte e tem a própria arte como finalidade principal. Os meios são variados.

Comecei a recordar os meus mestres. Primeiro minha mãe. Foi normalista e trabalhou toda sua vida com ensino primário, hoje ensino fundamental. Minha mãe me mostrou como ser doce e ser dura ao mesmo tempo. O Magistério para ela veio substituir a Medicina Veterinária, proibida por meu avô, por sabedoria ou ignorância: "Filha minha se quer estudar vai ser professora, trabalho de mulher". E ela o foi, seguida por duas de suas irmãs.

Na escola impossível esquecer tia Rosilda, tia Penha, tia Esther e a insubstituível tia Hildete. No ginásio as irmãs agostinianas, Maria Helena, Rita, além de Dona Maria José e de Maria Emília, Dione e Mariema, e a figuraça Formiguinha. Depois no segundo grau Rogério e Aluisio. Faculdade, Bete Rodrigues (inspiradora), Tania Mara, Alexandre Curtis. Não posso esquecer dos estágios com meu pai, o jornalista Café, que muito me ensinou da profissão.

E os que me trouxeram no caminho de hoje: o também inspirador Milson Henriques, que foi mestre sem ser professor. Renato Saudino foi o primeiro a me sacudir. Chacoalhar o pensamento. Ele acreditou que eu podia quando eu disse que não conseguia. Luis Tadeu Teixeira, mestre e amigo, também me ensinou a ter coragem. Quanta cerveja e quanto riso. Quantas noites sonhando. Quanta ralação no nosso Graçanaã. Digo nosso por que sei que posso dizer assim. Eliezer Almeida, Jonas Block, Maria Senna, Jovany Sales Rey, Paulo Halm, Jair Assumpção, Wolf Maya, Brian Penido Ross. Cada um teve sua importância e fazem parte do que sou hoje. Não quero ser injusta com os que não estão aqui.

Hoje, quero deixar aqui minha homenagem e agradecimento a um dos homens que fizeram a história do teatro brasileiro. O homem que me fez entender David Ball, que me falou de dramaturgia com tanta naturalidade, que até passei a escrever melhor. Um dicionário teatral, com humor e sarcasmo. Seja na escola, nos Satyros ou nos doutores do riso, profissional impecável. Hoje minha homenagem a todos os meus mestres, vai para esse que nos deixou essa semana, que tanto fez pela arte neste País.

Alberto Guzik. Vai em paz, companheiro. Que você esteja cercado de luz.
Muito Obrigada.

Um comentário:

  1. Ela se supera a cada dia com o que aprende e o que ensina,uma verdadeira professora e ainda mais,uma verdadeira mulher!

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