terça-feira, 6 de abril de 2010

Foram as águas de março, que venham as de abril


Mais uma vez São Paulo parou, e uma chuva torrencial assolava a cidade. Naquele dia, observando a chuva pela janela do meu 16o. andar, percebi mais um óbvio ululante: a mais pura beleza também pode ser muito cruel.

Foram águas de março, fechando o verão. É, tem dessas coisas.

Em março as chuvas fecham o verão, mas também abrem portas para realização de sonhos, que se criam e formulam em todo período de festas. Final de ano, Natal, Ano Bom, verão e férias, carnaval, e todas as promessas que sempre guardamos para quando o ano começar, a semana começar, o mês, quem sabe precisaríamos aqui de outra vida? Quem sabe se teremos tempo?

Março vem avisar pra gente andar rápido, não correr, pois quando corremos deixamos de olhar pros lados. Seguir em frente, sonhando e realizando. Trabalha e confia, diz a bandeira do meu Estado. Confia. Mas não trabalha não pra ver o que te acontece.

Este março me trouxe o Festival Ibero-americano de Teatro, no Memorial da América Latina. Sei que estou devendo um post aqui sobre a mostra e as palestras. Acredite, eu escrevi, mas num momento de leveza apaguei sem querer. Coisas que as almas livres fazem e sofrem depois por tê-lo feito.

Mas da semana, vale registrar que o ciclo de debates fez nascer uma chama de urgência dentro de mim. O que enfrentamos em questão de formação, cultura e políticas de fomento não é um problema localizado no Brasil, é mundial. É a mais pura crise da globalização pós-moderna. Nunca tivemos tanto acesso a informação e tão pouco conhecimento. É preciso construir conhecimento. Isso me fascina em ensinar-aprender. É um binômio que não se conjuga sozinho.

Um beijo para Chico Assis, que ensinou que posso fazer parte de uma galáxia, e não há mal nenhum nisso. Chico é mestre, e tem a sinceridade que só os anos permitem.

Vi também um Bobo Plin, tão atual que parecia Plínio Marcos vivo. E acho que o artista tem esse poder, continua vivo. Senti-me também bobo e palhaço, artista dividido entre o aplauso e os bolsos.

Mais que tudo, aprendi que não existe caminho certo, nem errado. Existe aquele que vai funcionar pra mim.

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