terça-feira, 2 de novembro de 2010

É lindo o por do sol da minha janela

O tempo tem seus tempos. O tempo das horas, o tempo das eras. O tempo das nuvens e das lágrimas. Dia a dia vemos o tempo passar e contamos minutos, segundos, séculos. São magias que só compreendemos aos cinco ou aos setenta e cinco anos. São horas mágicas como o amanhecer com o céu perfeito para a película cinematográfica.

Há algum tempo que vejo meu tempo se perder no tempo. Sinto a distância cada vez maior do que eu era e maior ainda do que eu projetei ser. Projeções. São atos falhos. São experiências inalcançáveis por serem imateriais.

Quantos pores do sol foram-se efêmeros e perdidos. Já sentiu saudade do que não viveu? Fica imaginando o futuro. Nunca assim, como é o presente. Não melhor. Diferente bom. Meu tempo é agora.

A pressa e a correria da sobrevivência deixa-nos sem tempo para nós mesmos. Não reparamos mais em nenhum detalhe da natureza, da vida. Mas isso não é nenhuma novidade. saio do trabalho às 17 hora, por aí, dias mais, dias menos. Invariavelmente estou embaixo da terra, no metrô, nem vejo variações de luz, degradê. Depois as sombras dos edifícios.

Entramos e saímos dos túneis e das conduções. Somos conduzidos. Pelo tempo, pelas horas, pelo concreto. Mergulho em redes sociais, que aproximam os que estão longe e afastam aqueles que estão mais próximos.

Mas não hoje. Hoje fiquei em casa e tomei uma taça de vinho. Revi fotos e continuei a pintar uma tela, parada há algum tempo. E parei algum tempo olhando o céu. É lindo o pôr do sol visto da minha janela. E digo isso com a maior felicidade. as nuances de cores indo do cinza ao doura, âmbar, o desenho no céu. AS construções delineadas e sombreadas.

O mundo fica quase perfeito. Vendo o pôr do sol, aqui, da minha janela.

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